quarta-feira, agosto 24, 2005

Alguns modelos

Três modelos de bombardeiros de água que existem actualmente no mercado com grande capacidade. O Canadair CL-415 é o mais conhecido, mas o Be-200 tem mais capacidade de água. Os dois primeiros são anfíbios. O IL-76 bate todos os outros, pois é capaz de levar 42 mil litros de água, mas não é anfíbio. Mas como já escrevi noutro post parece-me que o CL-415MP seria a melhor opção para nós.

1- O CL-415

2- Beriev Be-200

3- Ilyushin IL-76

Loja de aviação

Uma loja com muitos modelos russos de aviões e não só.

Ainda os fogos

Ainda sobre a questão dos meios aéreos no combate a incêndios tenho-me lembrado por estes dias da ajuda que podiam dar os nossos Hércules da força aérea com os kits MAFFS caso estes não tivessem sido desactivados.

Convém lembrar que até 1996, os Hércules operavam estes kits capazes de levar 12 mil litros de água ou calda retardante. Em 96, o governo mandou desactivar os kits, pois pelos vistos considerou que já não eram mais úteis.

É óbvio que em comparação com um avião anfíbio, o Hércules não é um avião concebido de origem para apagar fogos, mas a sua grande capacidade de carga é uma boa valia em termos de actuação e com uma boa estrutura de apoio o avião pode pousar e levantar carregado em 15 minutos.

Ora durante anos, os Hércules foram actuando em vários incêndios. Muitas vezes eram chamados quando os incêndios já tinham proporções consideráveis sendo aí difícil o avião mostrar uma grande eficiência, mas sempre foram dando uma ajuda preciosa aos bombeiros.

Mas em 1996, o governo mandou desactivar tudo. Curiosamente, em 2003, recebemos ajuda marroquina com o mesmo tipo de aparelhos e de kits.

É claro que agora já não adianta muito chorar sobre o assunto. É bom que o governo avance mesmo para a compra de aviões anfíbios e que seja formada uma esquadrilha a nível da força aérea. Acho que a força aérea devido à sua estrutura poderá dar um melhor aproveitamento a este tipo de meios durante o resto do ano. É natural que escolha seja o CL-415MP, dado que é um aparelho multifunções com outro tipo de valências além do combate a fogos.

Quanto à ideia recente do Ministro António Costa (avançada numa entrevista a uma rádio francesa) no sentido da concepção e fabricação de um avião europeu de combate a incêndios fiquei a pensar no assunto. Até que ponto é que se justifica um projecto a esse nível? É certo que no mercado não há assim tantos modelos como isso. Se formos a ver bem apenas o Bombardier CL-415 e o Beriev Be-200 contam neste caso. Se a Europa fabricasse um modelo teria em princípio mercado. Mas qualquer projecto a este nível deve primeiro obedecer a um estudo de mercado. Será que foi feito algum estudo sobre isso? Duvido muito. E tanto quanto sei nenhum outro país da UE manifestou interesse nesse sentido. Qual é então o interesse em levantar essa questão agora? Não estará o ministro António Costa a falar sozinho?

Quando à ideia de haver meios aéreos comuns no combate a incêndios tenho também grande dúvidas sobre a generosidade de tal proposta. É pouco provável que os países mediterrânicos abdiquem de ter os seus próprios meios para partilhar meios comuns. Portanto, também não percebo onde é que o ministro vai buscar estas ideias. Ou será que há aqui um sinal de que Portugal vai ficar à espera do dito projecto europeu para comprar meios próprios?

sábado, agosto 20, 2005

Fogos

O José Gomes Ferreira da SIC escreveu há tempos um texto sobre a indústria dos incêndios onde lançava várias perguntas as quais merecem obviamente uma resposta. O texto está on-line aqui. O artigo de opinião é extenso e, por isso, vou só centrar-me nas perguntas mais pertinentes. O artigo é bem intencionado, mas peca em vários aspectos por estar desfasado da realidade ou por dar eco a ideias populares mal fundamentadas.

1 - Porque é que o combate aéreo aos incêndios em Portugal é TOTALMENTE concessionado a empresas privadas, ao contrário do que acontece noutros países europeus da orla mediterrânica?

R- Porque Portugal durante muito tempo não teve recursos para comprar meios aéreos próprios para o combate aos incêndios. Ao contrário de outros países que foram adquirindo esse tipo de aparelhos, Portugal nunca fez isso. Nos últimos anos, no entanto, podia ter feito essa aquisição, mas a questão tem vindo a ser adiada e mesmo agora continua em estudo em relação ao tipo de modelo a comprar. No entanto, parece-me óbvio que vamos continuar a ter no futuro uma componente alugada e outra de meios próprios. Portanto, os meios alugados nunca vão desaparecer.

2 - Porque é que os testemunhos populares sobre o início de incêndios em várias frentes imediatamente após a passagem de aeronaves continuam sem investigação após tantos anos de ocorrências?

R- Concerteza que essas alegações foram investigadas em muitos casos. Podemos é não ter conhecimento das conclusões. Mas obviamente que é estranho existirem com alguma frequência relatos sobre a passagem de aviões e de pára-quedas incendiários. O uso de tais meios para provocar incêndios denota obviamente organização e o acesso a meios pouco acessíveis ao incendiário comum.

3- Porque é que o Estado tem 700 milhões de euros para comprar dois submarinos e não tem metade dessa verba para comprar uma dúzia de aviões Canadair?

R- Em primeiro lugar, ainda está por definir quantos aviões anfíbios vamos precisar a nível de meios fixos e que tipo de aparelho será. Agora o discurso em torno dos submarinos não tem nada a ver para o caso. Parece-me aquele tipo de discurso pacifista de que dois submarinos dão para fazer um hospital e uma série de escolas e etc… São investimentos na defesa que podem ser obviamente polémicos, mas misturar isso com outras áreas não é muito correcto. A Marinha deve continuar a ter submarinos, assim como a Protecção Civil deve ter os ditos aviões. São questões completamente diferentes e não é por comprarmos submarinos que vamos deixar de ter dinheiro para comprar aviões.

4- Porque é que há pilotos da Força Aérea formados para combater incêndios e que passam o Verão desocupados nos quartéis?

R- Porque simplesmente os pilotos da força aérea não são formados para combater incêndios, mas sim para outro tipo de missões de carácter militar. Para combater incêndios devem ter uma formação específica nessa área. Em tempos alguns pilotos de Hércules chegaram a ter essa formação e experiência, mas tudo isso se perdeu quando no governo de António Guterres mandaram desactivar os kits que os aviões tinham para combate a incêndios. Portanto, neste momento, a força aérea não tem pilotos habilitados para esse tipo de missões.

5- Porque é que as Forças Armadas encomendaram novos helicópteros sem estarem adaptados ao combate a incêndios? Pode o país dar-se a esse luxo?

R- Calculo que os helicópteros referidos sejam os aparelhos destinados ao exército. É óbvio que os aparelhos para o exército não são para combater fogos (nem isso acontece em nenhum país que tenha aviação no exército), mas sim para outro tipo de missões ligadas ao meio militar. Além disso, os pilotos do exército não possuem formação de pilotagem para o combate de incêndios nem vejo que isso faça grande sentido no caso em questão. Os helicópteros para combate a incêndios devem estar ligados à protecção civil e aos bombeiros e os seus pilotos devem estar treinados para esse tipo de funções. Portanto, mais uma vez há que ter noção de que é aparelhos para uso militar e para uso civil. É claro que isto não significa que não deva existir cooperação com a força aérea. Acho que deve existir, mas não nos moldes que o José Gomes Ferreira sugere.

É claro que o jornalista José Gomes Ferreira tem todo o direito à sua opinião e a lançar este tipo de perguntas. Mas há no seu discurso uma insinuação contra as empresas que alugam os meios aéreos. Há mesmo uma espécie de suspeição de que estas empresas têm interesse de que o país arda, pois assim o negócio corre-lhes bem. Acho esta suspeição de mau gosto, embora não tenha nenhuma empresa dessas nem conheça ninguém desse meio.

Na parte final do artigo o José Gomes Ferreira deixa uma série de sugestões

1 - Assumir directamente o combate aéreo aos incêndios o mais rapidamente possível. Comprar os meios, suspendendo, se necessário, outros contratos de aquisição de equipamento militar.

R- Este tipo de proposta está um pouco desfasada da realidade. O estado português deve evoluir para um sistema misto de meios próprios e alugados. Seria impensável o estado ter ao longo do ano 40 aparelhos de asa fixa e rotativa para serem usados apenas no Verão. O que estado deve ter são os meios mais pesados como os aviões anfíbios, pois em relação a esses pode aplicá-los noutras funções ao longo do ano como o patrulhamento marítimo. Por outro lado, o estado tem recursos para os comprar sem precisar de pôr em causa a aquisição de equipamento militar.


2 - Distribuir as forças militares pela floresta, durante todo o Verão, em acções de vigilância permanente. (Pelo contrário, o que tem acontecido são acções pontuais de vigilância e combate às chamas).

R- Aqui concordo plenamente.

3 - Alterar a moldura penal dos crimes de fogo posto, agravando substancialmente as penas, e investigar e punir efectivamente os infractores.

R- O agravar de penas não vai resolver a situação. Mesmo que a moldura penal mude o país vai continuar a arder.

4 - Proibir rigorosamente todas as construções em zona ardida durante os anos previstos na lei.


R- Concordo plenamente.

5 - Incentivar a limpeza de matas, promovendo o valor dos resíduos, mato e lenha, criando centrais térmicas adaptadas ao uso deste tipo de combustível.

R- Em teoria esta sugestão é boa, na prática muito difícil de concretizar. Calculo que o jornalista não tenha nenhum pinhal porque se o tivesse duvido que o limpasse. Aqui é preciso que as autarquias intervenham mais a fundo e que tenham uma acção de prevenção na floresta o ano inteiro.

6 - E, é claro, continuar a apoiar as corporações de bombeiros por todos os meios.

R- Bem, outra coisa não tem sido feita.

quinta-feira, agosto 18, 2005

F-16

Até que ponto pode ainda o F-16 evoluir no futuro? Será que o F-16E/F representa o culminar da evolução deste avião ou podemos ainda no futuro esperar um F-16G/H? Recentemente no concurso para aquisição de um novo caça para a Índia, os americanos lançaram a possibilidade de um F-16E/F Bloco 70. Ora isto significa que o F-16 tem ainda potencial para continuar a evoluir em termos de bloco. Mas até que ponto? É daquelas questões que é difícil de definir, mas o F-16 continua a ser um avião competitivo no mercado internacional e a versão E/F é realmente fantástica em termos de electrónica e de capacidade de combate. A alma deste novo avião é o radar AN/APG-80, capaz de seguir ao mesmo tempo alvos no ar e em terra e com capacidade AESA. Mas será que vamos um dia ver o F-16G/H bloco 90 ou 100? Tudo depende obviamente do mercado, embora seja pouco provável que algum dia o F-16 chegue a uma evolução tão grande. O F-16 bloco 70 para já não passa de um projecto e só sairá do papel caso exista algum cliente interessado. Não parece que para já isso venha acontecer. Mas o velho falcão continua a marcar pontos e a ser capaz de concorrer em pé de igualdade com outros aviões mais recentes. Calculo que fique pelo Bloco 60, mas nunca se sabe?

18 de Agosto

Já lá vai tempo. Já lá vão 24 anos. Mas em Agosto de 1981, o Golfo da Sidra fervilhava por esta altura de tensão. Kadafi tinha anunciado nessa época que os limites das suas águas territoriais tinham aumentado para 480 km, e os Estados Unidos alegavam que isso era contrário à legislação internacional e que restringia o espaço de manobra da VI Esquadra no Mediterrâneo.

Numa demonstração de força, os norte-americanos deslocaram para a zona o porta-aviões Nimitz, que juntamente com o Forrestal, realizou uma série de exercícios nas águas que os líbios diziam ser suas. Os dois porta-aviões estabeleceram à sua volta zonas de protecção da frota que eram patrulhadas por aviões F-14A Tomcat do Nimitz e F-4S Phantom II do Forrestal. Os líbios reagiram à provocação e no primeiro dia de manobras, a 18 de Agosto, enviaram vários grupos de caças para interceptar os aviões da Marinha norte-americana, sem fazerem, porém, qualquer disparo.

Mas no segundo dia de manobras, dois Tomcat do Nimitz que faziam uma patrulha de rotina detectaram dois SU-22 em aproximação e decidiram ir ao encontro dos aviões líbios. Quando se aproximaram, o SU-22 líder que vinha à frente da formação disparou um AAM AA-2 “Atoll”. Talvez o tenha feito sem querer ou talvez o tenha feito de forma intencional, mas o disparo provocou a reacção dos Tomcat. Em 45 segundos, os dois Sukhoi foram abatidos pelos F-14 do Nimitz, que usaram mísseis AIM-9L Sidewinder. Um dos pilotos conseguiu ejectar-se em segurança, mas o autor do disparo, embora tenha conseguido ejectar-se, o pára-quedas não abriu. Levou com ele o segredo da razão do disparo.

Mas o episódio foi usado pela Líbia a seu favor. Com este incidente, o país diminuiu o isolamento diplomático que tinha desde a invasão do Chade. Em pouco tempo, vários países árabes tornaram-se solidários com Kadafi condenando os Estados Unidos pela agressão. Mas não seria a última vez que os Tomcat actuariam contra a Força Aérea Líbia. Em 1989, abateriam dois caças líbios Mig-23 na mesma região.

Mas já lá vão 24 anos. O tempo passa. Hoje Kadafi voltou a ser um líder aceitável pela comunidade internacional. Quem diria? E já ninguém se lembra dos dois Sukhoi líbios abatidos naquele dia. E dos Tomcats que os derrubaram. E das manobras militares. E do Golfo da Sidra. São 24 anos. Pesa um bocado. Eu próprio não me lembro do episódio. Era demasiado novo. Tinha 11 anos. Sabia lá o que era o Golfo da Sidra com aquela idade? Ou o Kadafi? Ou o que era um F-14 ou um SU-22? Só mais tarde é que estudei o assunto.

Mas lembro-me bem da operação “El Dorado Canyon” em Abril de 1986, que atacou directamente Tripoli e Bengazi. Disso sim, lembro-me bem. Morreram centenas de pessoas nesses ataques, inclusive uma filha de Kadafi. E também me lembro da bomba deixada por um terrorista palestiniano uns dias antes numa discoteca de Berlim ocidental que matou 2 pessoas e feriu 230, muitas delas militares americanos. São coisas que o tempo não apaga. Eram assim os anos 80. Hoje não é muito diferente.

terça-feira, agosto 09, 2005

Malvinas II

Ainda sobre a guerra das Malvinas e a operação dos Exocet há pequenas histórias que não passam de pura invenção e de propaganda de guerra.

Na última missão dos Super Étendard, a 30 de Maio de 82, os dois aviões foram apoiados por quatro Skyhawks. O radar dos Super Étendard localizou um grande alvo sobre o mar e lançou o último Exocet, que os argentinos tinham no seu arsenal. Os Skyhawks seguiram o míssil e dois deles foram abatidos por SAM dos navios. Mas os pilotos dos dois restantes afirmaram ter acertado no Invincible, um dos porta-aviões britânicos, que já estaria danificado pelo Exocet. Uma revista argentina chegou mesmo a publicar na altura fotos retocadas com o porta-aviões a arder. Na verdade, os Skyhawks atacaram sem sucesso a fragata Avenger e não o Invincible que estava a cerca de 45 km do local.

Portanto, esta última história do Invincible não passa de uma invenção e nunca existiram nenhumas fotos de tal coisa, pois os Skyhawks nem sequer estavam equipados com máquinas fotográficas. Além disso, um ataque bem sucedido ao Invincible seria algo difícil de esconder e um grande revés para os britânicos. Mas é daquelas histórias que se inventam para elevar o moral das tropas e da população.

domingo, agosto 07, 2005

Malvinas

Muito se tem falado ao longo do tempo dos ataques que os pilotos argentinos usando o Super Étendard e o Exocet efectuaram contra os navios britânicos durante o conflito das Malvinas. Quando o conflito começou a Argentina tinha apenas 5 dos 14 Super Étendard encomendados e juntamente com os aviões 5 mísseis Exocet. No primeiro ataque bem sucedido que executaram no dia 4 de Maio de 82, um dos mísseis atingiu o Sheffield. Foi algo que os britânicos não estavam à espera e em função disso adoptaram várias medidas de defesa para futuros ataques.

Uma delas foi manobrar os navios durante os ataques de forma aos navios apresentaram a popa ou proa virada para o Exocet para representar um alvo menor. Outra foi usar reflectores metálicos em forma de pirâmide transportados em helicópteros. Estes reflectores devolviam os pulsos de radar aos mísseis de forma a confundi-los.

Por outro lado, a operação da força-tarefa britânica a uma certa distância da costa e as dificuldades de detecção da força que os argentinos começaram a ter dificultava os ataques. Mas no dia 25 de Maio, 2 Super Étendard realizaram outro ataque e atingiram o Atlantic Conveyor. Apenas um dos mísseis teve sucesso tendo o outro sido desviado pelas medidas de despistamento. No último ataque a 30 de Maio, o último Exocet também falhou provavelmente devido às medidas de despistagem.

Portanto, as especulações que foram feitas ao longo do tempo de que os franceses venderam aos britânicos os códigos dos mísseis não passam disso mesmo de especulação. Podem ter fornecido dados e parâmetros de lançamento do míssil, mas daí aos códigos vai uma grande distância.

sábado, agosto 06, 2005

Rafale

E já agora não percam este livro acabado de sair em França sobre o Rafale. Custa 46 euros, mas parece ser uma obra interessante sobre este famoso aparelho que começa agora a entrar em serviço em França.

Engage

Para quem gosta do Mirage 2000 como eu, a Dassault publica semestralmente o boletim Engage, que aborda matérias relacionadas com este avião. Já vai no número 5 e o número 3 e 4 têm dois DVDs muito interessantes que mostram o Mirage 2000 em vários cenários. O boletim pode ser pedido para o seguinte endereço. Os números 3 e 4 estão também disponíveis em PDF aqui.